Eu ainda estava completamente desnorteada pela noticia.
Depois do choro compulsivo das primeiras horas, entrei em fase de aceitação, não, minto, eu não estava aceitando nada, entrei em fase de depressão, isso sim, parei de chorar, finalmente parei de chorar, mas, tambem parei de falar, e de ouvir, e insistentemente eu estava tentando parar de pensar, eu estava tentando parar de existir, então minha mãe me avisou que estava na hora de ir, e com isso tirou a minha concentração de não-existir, olhei pra ela, e rosto que vi lá tambem me magoou, ela me olhava com pena, como se tentansse me acalmar de algum jeito, apenas com o olhar, lembro-me que levantei da cama e fui para o banheiro, tomei um banho rapido e voltei para o quarto, abri o armario e olhei, qual era a roupa apropiada para enterrar seu pai ? acho que essa pergunta não tem resposta, então peguei um vestido preto simples, coloquei-o pela cabeça e sentei-me de novo na cama. Uns minutos depois minha mãe veio avisar que o carro já tinha chego, levantei e andei, fui até o carro, entrei e partimos.
Chegamos lá, tinha muitas pessoas, conhecidas e não conhecidas, e derrepente, pensei nos meus irmãos[por parte de pai], um tinha 9 anos e o outro acabara de completar 3, lembrei deles, e imaginei como eles estariam, o menor nem devia saber o que estava acontecendo, mais e o maior?, estaria ele no estado de desespero no qual eu me encontrava ? não sabia, ainda não sabia.
Minha mãe foi falar com algumas pessoas e eu fui acolhida por uma conhecida. Sentei em um banco e permaneci lá, e então tive um vislumbre do meu irmão de 9 anos, e ele estava brincando, dá para acreditar ? eu não acreditei. fiquei atônita pela imagem que se passava bem ali diante dos meus olhos, e fui abruptamente tomada por uma raiva entorpecente, uma raiva que estava muito mal contida dentro de mim, uma raiva absurda...
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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