quinta-feira, 20 de maio de 2010

Enterro

Eu ainda estava completamente desnorteada pela noticia.
Depois do choro compulsivo das primeiras horas, entrei em fase de aceitação, não, minto, eu não estava aceitando nada, entrei em fase de depressão, isso sim, parei de chorar, finalmente parei de chorar, mas, tambem parei de falar, e de ouvir, e insistentemente eu estava tentando parar de pensar, eu estava tentando parar de existir, então minha mãe me avisou que estava na hora de ir, e com isso tirou a minha concentração de não-existir, olhei pra ela, e rosto que vi lá tambem me magoou, ela me olhava com pena, como se tentansse me acalmar de algum jeito, apenas com o olhar, lembro-me que levantei da cama e fui para o banheiro, tomei um banho rapido e voltei para o quarto, abri o armario e olhei, qual era a roupa apropiada para enterrar seu pai ? acho que essa pergunta não tem resposta, então peguei um vestido preto simples, coloquei-o pela cabeça e sentei-me de novo na cama. Uns minutos depois minha mãe veio avisar que o carro já tinha chego, levantei e andei, fui até o carro, entrei e partimos.
Chegamos lá, tinha muitas pessoas, conhecidas e não conhecidas, e derrepente, pensei nos meus irmãos[por parte de pai], um tinha 9 anos e o outro acabara de completar 3, lembrei deles, e imaginei como eles estariam, o menor nem devia saber o que estava acontecendo, mais e o maior?, estaria ele no estado de desespero no qual eu me encontrava ? não sabia, ainda não sabia.
Minha mãe foi falar com algumas pessoas e eu fui acolhida por uma conhecida. Sentei em um banco e permaneci lá, e então tive um vislumbre do meu irmão de 9 anos, e ele estava brincando, dá para acreditar ? eu não acreditei. fiquei atônita pela imagem que se passava bem ali diante dos meus olhos, e fui abruptamente tomada por uma raiva entorpecente, uma raiva que estava muito mal contida dentro de mim, uma raiva absurda...

(Dias atuais)

Eu não deixei de contar a historia da minha vida..
é que eu vou intercalar com os meu dias atuais, quer dizer,vou tentar.

Ando não tendo tempo pra nada. Começei a trabalhar e estou enrroladas em teias de horas, que são bem dificieis de rasgar.
Estou cansada, meu corpo está dolorido e mesmo assim, cá estou, as quatro da manhã, acordadissima. Ou nem tão acordada assim...
Enfim, a poucos minutos atrás tomei a decisão de sumir. É, isso aí mesmo. Sumir.
Durante uns dias, estou precisando pensar, organizar meus pensamentos em caixas, arquivar alnguns e triturar outros. Queria eu que fosse facil fazer este tipo de coisa.
Acabei de ler que classificar sentimentos é perda tempo, devemos viver e pronto.
Bem que isso é verdade, perdemos muito tempo descobrindo/decidindo se amamos ou não, se gostamos ou não, entre outros. Porque simplesmente não se deixar viver ?
Não sei, parece que gostamos de complicar as coisas.
E por falar em complicar as coisas.. estou eu.. novamente.. Complicando.
Eu tenho uma Menina, é, Uma Menina.
Sei que ela me ama. Mais ela me ama mesmo ?
as vezes a certeza disso transborda por mim, outras, pareço estar me afogando na maré rasa.
Não tenho duvidas que ela goste de mim, tenho duvidas, se gostar, se me amar.. é o suficiente para não me magoar.
porque.. já não foi. E por mais que eu tente ignorá-las, essas feridas no peito ainda ardem intensamente as vezes, me deixando assim, insegura..
Queria poder vestir a armadura, mais há tempos que já cravaram a estaca.
Tento, e até consigo, não sempre, mais a maior parte daz vezes ter confiança plena naquela menina. Mas.. não sempre.. me pergunto o que aconteceria se a estaca que já reside em meu peito fosse pressionada com mais força para dentro da minha carne fraca.
eu aguentaria ? aguentaria a dor insuportavel de novo ? sinceramente, esperaria que não.
Tenho medo que minha falta de tempo me afaste daquela menina, tenho medo que ela deixe de encontar em mim a felicidade, tenho medo de ser deixada.. de ser rompida bruscamente de novo.. eu quero aquela menina, e eu a tenho, mais substitutas não faltam, esperando e não esperando, qualquer chance de tomar meu lugar, espero ser a unica, assim como ela diz, mas só posso esperar.. pois só posso ter certeza do que habita em mim.. será ciume, esse sentimento tolo crescendo aqui dentro ? E de novo perco tempo classificando.. vou só me deixar sentir.. e rezar pra não ser perigoso.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ela disse: - Seu pai morreu.

Quando ela disse isso, eu achei que era brincadeira.
então levantei e disse: - Ah mãe para.
Ela me segurou, me olhou nos olhos e disse: -Não é brincadeira filha, seu pai morreu.
E nessa hora eu entendi, nessa hora eu percebi que o que ela dizia era verdade.
Nessa hora eu senti meu mundo desmoronar, nessa hora eu me senti fraca.
Apesar de nunca ter sido muito proxima do meu pai, eu me senti tão triste, tão enfraquecida.
Acho que a primeira coisa que eu pensei, foi em, porque o meu pai ? essa resposta foi obtida facilmente, quase sem pensar. e a resposta foi : Porque o meu pai era um policial ruim, porque o meu pai era um policial corrupto, porque o meu pai já havia matados muitos pais.
E mesmo sabendo de tudo isso, não me conformei, afinal, ele era o meu pai.
E eu o amava, eu o amava muito.
Quando ele morreu, a noticia sobre seu falecimento saiu em alguns jornais, não na primeira capa é claro, porque ele não era tão importante, não pra eles, porém, pra mim ele foi muito importante, ele é muito importante. Não me lembro direito o que saiu no jornal, a unica parte que lembro com clareza, como se tivesse acabado de ler é : Ele ainda foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Eu lembro que eu chorei umas 3 horas direto depois que li isto, derrepente é por isso que não esqueço.
O meu Pai foi assassinado no dia 5 de dezembro, com 5 tiros, 2 atingiram a cabeça dele, 1 atingiu o ombro, 1 atingiu o pulmão e o ultimo seu coração.
Bem, isso foi o que eu ouvi durante o enterro, que aconteceu no dia 6, o mesmo dia que minha mãe me contou de sua morte, a unica coisa que sei mesmo, são dos tiros na cabeça. o resto, pode ser tudo mentira, e se for, eu não me importo.
Eu naquele momento não estava nem aí para o que as pessoas estavam dizendo.
Tudo o que eu queria era o meu pai, vivo, e me abraçando e me dizendo que tudo ia ficar bem.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Toda historia tem um começo. E a minha cameça assim..

Eu tinha 12 anos quando minha vida começou a desviar.
Eu era praticamente uma santa com essa idade.
Nunca tinha beijado na boca, tirava notas excelentes [bem, nãos tão excelentes assim, mas ficava na média], entrava na hora que a mamãe mandava, não bebia, não fumava, e com tudo isso com certeza eu era virgem.
Bem, acho que nessa época eu era o que se pode chamar de filha pefeita. [ou quase, porque perfeição pra minha mãe é inalcançável].
Eu pensava em garotos, mas não com muita frequencia, algumas amigas até me precionavam um pouco para eu dar logo meu primeiro beijo, mas eu meio que não ligava [não muito].
Eu ainda brincava de bonecas, adorava brincar de barbie e essas outras brincadeiras de criança.
É, eu realmente era uma santa.
Você deve ta se perguntando, mas e aí ? cadê o desvio ?
bem, aí vai..
No dia 5 de dezembro de 2003, eu estava muito feliz porque era meu ultimo dia de aula, eu mal podia saber o que estava por vir, esse meu dia foi normal, ou quase isso, minha mãe estava estranha e puxando uns assuntos mais estranhos ainda, mais eu nem cheguei a desconfiar de nada.
Então, no dia seguinte, assim que eu acordei ela me chamou para conversar, eu me lembro como se fosse hoje, eu sentei no baú embaixo da janela e ela sentou na cama na minha frente,
Ela disse : -filha, eu vou te contar uma coisa e preciso que você fique calma.
Eu disse : -tudo bem.
Ela disse : - seu pai morreu.